Sedentarismo na infância: como o excesso de telas prejudica a saúde das crianças
Nos últimos anos, celulares, tablets, computadores e televisores passaram a fazer parte constante da rotina das famílias.
Crianças entre 8 e 12 anos passam em média 5 horas diárias em frente a dispositivos digitais, enquanto adolescentes chegam a ultrapassar 8 horas por dia.
Esse cenário acende um alerta importante: o crescimento do sedentarismo na infância.
O avanço da tecnologia trouxe inúmeros benefícios, mas também um desafio crescente para pais e educadores: como equilibrar o tempo de tela e o tempo de movimento?
A redução das brincadeiras ao ar livre e o aumento das atividades passivas estão impactando diretamente a saúde infantil, tanto física quanto emocionalmente.
O que é sedentarismo infantil?
O sedentarismo infantil é caracterizado pela falta de atividades físicas regulares e pelo predomínio de comportamentos passivos, como assistir televisão, jogar videogame ou navegar em redes sociais.
Uma criança é considerada sedentária quando não realiza pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada a intensa.
Os números são preocupantes.
Estudos apontam que mais de 70% das crianças brasileiras não atingem o nível mínimo de atividade física recomendado.
Paralelamente, a obesidade infantil vem crescendo: o Ministério da Saúde revelou que o índice de excesso de peso em crianças de 5 a 9 anos dobrou nas últimas duas décadas, em grande parte devido à inatividade e má alimentação.
Relação entre excesso de telas e sedentarismo
O excesso de telas é hoje um dos principais fatores que alimentam o sedentarismo infantil.
O tempo que antes era destinado a correr, brincar, pedalar e interagir socialmente foi substituído por horas diante de conteúdos digitais.
Cada hora adicional de tela está associada a uma redução de 15 minutos de atividade física diária.
Além disso, o uso prolongado de dispositivos digitais estimula comportamentos sedentários, como permanecer sentado por longos períodos e consumir alimentos ultraprocessados durante o tempo de tela.
Estudos recentes também apontam que crianças que passam mais de 4 horas diárias em frente a telas apresentam pior qualidade de sono, menor concentração e aumento do risco de sobrepeso.
Em resumo: quanto maior o tempo de tela, menor o movimento — e as consequências vão muito além da balança.
Consequências do sedentarismo na infância
O sedentarismo infantil não afeta apenas o corpo, mas também a mente e o comportamento social.
A seguir, veja as principais consequências:
Problemas físicos
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Obesidade e sobrepeso: acúmulo de gordura corporal e aumento do risco de diabetes tipo 2.
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Alterações posturais: dores musculares e desalinhamentos devido ao uso prolongado de telas.
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Comprometimento cardiovascular: aumento da pressão arterial e do colesterol em idades precoces.
Impactos emocionais
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Ansiedade e irritabilidade: excesso de estímulos visuais e falta de socialização real.
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Distúrbios do sono: luz azul das telas interfere na produção de melatonina.
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Baixa autoestima: comparação com padrões irreais nas redes sociais.
Consequências sociais e cognitivas
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Isolamento social: menos interação presencial com amigos e familiares.
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Déficit de atenção: dificuldade em manter o foco em atividades não digitais.
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Queda no desempenho escolar: devido à fadiga mental e sono irregular.
A inatividade física é uma das principais causas de mortalidade precoce e está entre os maiores desafios de saúde pública do século XXI.
Embora essa frase se refira à população geral, seu impacto começa na infância.
Tempo de tela recomendado por faixa etária
Esses dados reforçam a necessidade urgente de educação digital e intervenções familiares e escolares para controlar o uso excessivo de tecnologia.
Estratégias para reduzir o tempo de tela
Diminuir o tempo de tela das crianças não é uma tarefa simples, especialmente em um mundo conectado.
No entanto, algumas ações práticas podem ajudar pais e educadores a promover um equilíbrio saudável entre tecnologia e movimento.
1. Estabeleça limites claros
Defina horários específicos para o uso de dispositivos e crie regras familiares. Por exemplo: nada de telas durante as refeições ou antes de dormir.
2. Promova atividades físicas para crianças
Estimule brincadeiras que envolvam movimento: andar de bicicleta, jogar bola, pular corda, passear com o cachorro ou praticar esportes coletivos.
O ideal é garantir ao menos 60 minutos de atividade física diária.
3. Dê o exemplo
Crianças aprendem observando. Se os adultos passam o tempo todo no celular, elas farão o mesmo.
Reduzir o tempo de tela em família cria um ambiente de equilíbrio e conexão real.
4. Estimule o lazer offline
Jogos de tabuleiro, leitura, jardinagem e culinária são ótimas alternativas para desenvolver habilidades cognitivas e sociais sem o uso de telas.
5. Crie espaços livres de tecnologia
Reserve momentos ou locais da casa onde celulares e tablets não sejam permitidos, como o quarto ou a mesa de jantar.
6. Use a tecnologia com propósito
Nem todo uso de tela é prejudicial.
Aplicativos educativos, videoaulas e conteúdos interativos podem ser aliados, desde que usados com tempo controlado e supervisão.
Conclusão
O sedentarismo na infância é um problema crescente que exige atenção conjunta de pais, educadores e profissionais da saúde.
O excesso de telas está diretamente ligado à redução do movimento, ao aumento da obesidade infantil e a diversos prejuízos físicos e emocionais.
Mais do que proibir, é preciso educar para o uso consciente da tecnologia e incentivar o prazer do movimento. Pequenas mudanças na rotina — como brincar ao ar livre, caminhar até a escola ou reduzir o tempo em frente às telas — podem gerar grandes benefícios para a saúde infantil e o desenvolvimento integral das crianças.
Comece hoje mesmo! Estabeleça um tempo limite de tela, proponha uma brincadeira ativa e redescubra, junto com seu filho, o valor do movimento e das interações reais.
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